
Sabe-se!!
Com o impacto causado por sua música veio a necessidade da criação de um estilo que se encaixasse aos novos padrões.
“...a transposição para a televisão, numa forma literalmente visual daquilo que anteriormente só se podia ouvir, abre possibilidades de recriação. A partir daí, pois, a ruptura não é apenas com relação ao que se ouve mas fundamentalmente com relação ao que se vê (Picard, 1987, p. 74).
Um dos influenciadores do figurino Rock´n Rool foi o cinema. O filme “Rebel Without a Cause”, de 1955 (no Brasil “Juventude Transviada”), estrelado por James Dean, com seu conhecido estereotipo rebelde e Natalie Wood, interpretando uma jovem revoltada com o pai. Outro, o filme “O selvagem”, estrelado por Marlon Brando em 1954, onde faz o papel de líder de uma gangue de motoqueiros que entra em conflito com uma gangue rival. Esses para citar somente dois dos principais filmes. Sua influencia foi tão grande que jovens começaram a se vestir com jaquetas de couro e até uma gangue de motoqueiros, que mais tarde viria a ficar conhecida como “Hell´s Angels” foi criada.
Xênia Bier, colunista da revista Ana Maria da editora Abril, chegou a relatar em seu programa de rádio no início da década de 80: ‘ Estou lembrando de uma moça que viu um filme com um moço e depois passou a usar um blusão de couro igual ao dele. O moço era James Dean... a moça sou eu’.
No entanto, essa nova maneira de vestir que estava surgindo expressava não somente a paixão dos fãs a um estilo musical ou mesmo a um movie-star, e sim um conceito.
A época pós-Segunda Guerra Mundial trouxe muitas incertezas e novos questionamentos sobre o que se podia esperar do futuro em um mundo cheio de conflitos. A juventude estava preocupada com a polarização política-econômica mundial, capitalismo versus o comunismo, com a guerra Fria, a criação da Otan, o Pacto de Varsóvia, a bomba atômica, a guerra da Coréia, guerra do Vietnã, conflito árabe-israelense, lutas por igualdade social, econômica e de raças como a liderada por Martin Luther King que após ganhar o prêmio Nobel da Paz de 1964 foi assassinado, entre outros acontecimentos em um parâmetro temporal mais amplo que formavam um turbilhão de idéias e conflitos de opiniões.
Esse quadro, levou a juventude a criar movimentos culturais que até então nunca haviam sido pensados em outras épocas, muitos, conhecidos como movimentos de contra-cultura, buscavam formas para se expressar e divulgar suas mensagens ideológicas, frustrações e aspirações. Entre esses grupos vieram os beatniks, os teddy boys, mods, rockers, skinheads, hippies, punks, entre outros que em comum tinham além da insatisfação, a maneira eloqüente de se expressar através das roupas.
A partir daí, o visual das pessoas passou a ter importância político-ideológica. A roupa, quase que instantaneamente, passou a não ser somente um artigo feito para vestir bem, causar boa impressão ou determinar sua classe social. Ela reflete a conjuntura de um tempo, faz com que o indivíduo com sua maneira de ser e vestir, pertença a um determinado grupo, hoje chamados de tribos urbanas, e expresse visualmente seu pacto com as idéias e costumes de sua tribo.
A moda por sua vez, sempre esteve ligada aos acontecimentos e atenta aos costumes da sociedade. Daí vem a idéia de tendências de moda, das quais, seus principais criadores se espelham principalmente em movimentos culturais lançados pela juventude.
Como a moda, que vem do latim modus, e que significa modo, pode traçar o comportamento de uma época? Érika Palomino, jornalista e escritora explica:
“Moda é muito mais do que a roupa. Pense no jeito que as pessoas se vestiam nos anos 70 e depois nos 80 e tente, ainda, achar um denominador para o que as pessoas usavam na década de 90. Essas mudanças é que são a moda. Ao acompanhar/retratar/simbolizar essas transformações, a moda serve como reflexo das sociedades á volta. É possível entender um grupo, um país, o mundo naquele período pela moda então praticada”. (Palomino, 2002, p. 14).
As vestimentas, objeto de estudo de estilistas e profissionais de moda, refletem o comportamento social de um tempo e até mesmo serve de instrumento de protesto nas causas de alguns grupos. Um caso a ser citado é o das feministas que queimaram seus sutiãs em praça pública na década de 1960, em ato pro igualdade e liberdade das mulheres. Um outro caso, o dos “homossexuais urbanos na América desenvolveram um código de vestuário que informa suas preferências eróticas aos possíveis parceiros sexuais” (Lurie, 1997, p. 273).